O Auditório Central do Colégio Teutônia esteve praticamente lotado na quarta-feira, dia 05, para a segunda etapa da 16ª edição do Fórum Tecnológico do Leite, de Teutônia. Na ocasião um público de cerca de 300 pessoas – entre agricultores, técnicos, representantes de entidades ligadas ao setor e estudantes – acompanhou palestras, relatos de experiências, debates e oficinas que tiveram como tema central o resfriamento das vacas como alternativa que garanta estabilidade na produção durante todo o ano, inclusive no verão, e bons números zootécnicos.
A respeito do assunto principal da atividade, o coordenador do Centro de Treinamento de Agricultores de Teutônia (Certa) e extensionista da Emater/RS-Ascar, Maicon Berwanger, salientou que ele observa a realidade local dos bovinocultores de leite, estabelecendo ainda diálogo com as principais demandas e gargalos da cadeia produtiva regional. “O tema resfriamento de vacas ainda é relativamente novo no mercado atual e ele parte de estudos e diagnósticos feitos pelo coletivo que planeja o Fórum e que busca trazer conteúdos que sejam relevantes e que impactem o dia a dia dos participantes.”

Berwanger observou ainda o fato de outros temas, como alimentação do rebanho, genética, qualidade do leite, equipamentos e outros já terem sido discutidos anteriormente. “Só que hoje em dia o conforto animal parece carecer de uma atualização, dada a sua relevância”, explicou, justificando a escolha do médico veterinário e consultor técnico Top Leite, Adriano Seddon, como palestrante. Seddon, uma das referências quando o assunto é o bem-estar do rebanho, apresentou o painel “Como resfriar suas vacas e não perder dinheiro neste verão?”, trazendo dados técnicos e informações sobre o assunto.
Em sua manifestação, o palestrante partiu de um dos principais gargalos da produção de leite em regiões quentes e úmidas – como no caso do Vale do Taquari – para ressaltar a importância dos cuidados com a temperatura dos animais para que seu estresse pelo calor seja minimizado e a produtividade seja preservada. Apresentando cálculos na prática, Seddon destacou como a adoção de tecnologias de baixo investimento, podem representar grande retorno financeiro às propriedades. “Uma vaca resfriada é uma vaca estabilizada, com menos problemas metabólicos, mais eficiência e mais qualidade na matéria-prima”, frisou.
Durante a palestra, instigou o público a refletir sobre qual seria a “vaca mais importante da propriedade”, dando como resposta a vaca “pré-parto”. “Seguida pela seca, pela pós-parto e aí sim a que está em lactação”, comentou. Esta quebra de paradigmas evidencia o fato de que resfriar vacas que estejam próximas do parto, garantirá bom desempenho das gerações seguintes. “Nesse sentido, mitigar o estresse térmico, tirar as vacas do sol, adotar espaços de deslocamento do rebanho sombreados e adotar a combinação ‘vento e água’ será fundamental para um melhor desempenho”, afirmou.

Cases apresentam bons resultados
Ainda dentro da programação, dois produtores de leite apresentaram cases com resultados satisfatórios no que diz respeito ao resfriamento das vacas: Fabrício Balerini, de Vespasiano Corrêa. e Edemar Follmann, de Boa Vista do Buricá. Balerini – um dos agraciados com o Prêmio Referência Leiteira na última Expointer – comentou os caminhos que levaram as atuais 100 vacas em lactação a produzirem cerca de 4.200 litros de leite ao dia, o que também dialoga com investimentos em tecnologias que visam a promover o conforto animal do rebanho.

Em sua manifestação descreveu os caminhos na implantação de sistemas que buscavam minimizar o estresse térmico, em um período em que não tinham muita clareza sobre os tipos de investimentos que seriam necessários para o atendimento desta demanda. Em sua fala, apresentou gráficos que evidenciavam o aumento da produtividade de leite com a implantação de seis ventiladores no free stall. “O que se pode perceber foi que o sistema se pagou em menos de seis meses, o que garante ainda uniformidade, padrão de manejos e um ótimo efeito cumulativo.”

A fala do Follmann foi ao encontro da de Balerini. “Muitas vezes a gente tende a esperar o problema chegar para somente aí pensar em uma solução”. Em sua manifestação valorizou a implantação do sistema de resfriamento de vacas, que fez com que a produção no verão – que antes tinha uma queda de quase 50% – fosse mantida. “Em linhas gerais, durante todo o ano, a média no aumento da litragem por animal chegou a sete litros, sendo 12 litros de incremento no verão”, pontuou. “Assim, é importante dar valor a quem nos apresenta tecnologias eficientes”, finalizou.
Autoridades elogiam
Presente no evento, o presidente da Emater/RS, Alex Corrêa, valorizou a oportunidade de troca de conhecimentos entre os envolvidos e a busca por tecnologias de baixo investimento que possam resultar em um retorno satisfatório. “Nesse sentido estamos ao lado dos agricultores na busca incessante por fortalecer a atividade rural”, analisou.

Já a coordenadora do curso Técnico em Agropecuária do Colégio Teutônia, Cristiana Terra, comentou a evolução constante da cadeia produtiva do leite e os impactos regionais nesta que é a base de renda de muitas famílias da região. A mesa das autoridades também contou com o prefeito de Teutônia, Celso Forneck.
Com o tema “Tecnologias que impactam na rentabilidade da atividade leiteira”, o 16º Fórum Tecnológico do Leite teve início na noite de 29 de setembro, com transmissão online de dois cases de criação de terneiras. O vídeo já foi visualizado por quase duas mil pessoas desde o seu lançamento. Alusiva ainda aos 70 anos do Colégio Teutônia, a programação contou com o apoio da Prefeitura de Teutônia, patrocínio ouro de Certel Artefatos de Cimento, Top Leite, Duagro, Gestor RP, Select Sires e Milkparts; patrocínio prata de Languiru, Dália Alimentos, Sindilat/RS, Machado Agropecuária, Samaq Massey Ferguson, Comercial Agrícola Maná, Nutron, Tangará, Cooperagri, Sicredi Ouro Branco, Fábio Guilhermano e Launer Química.

Texto e fotos – Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar – Regional de Lajeado – Tiago Bald