Guilherme Felipe Thiesen (20) é de Vale Verde, no Vale do Rio Pardo. A família possui propriedade rural e trabalha com pecuária leiteira, com produção média de 550 litros/dia. São 25 animais em lactação, além de novilhas e bezerras já planejando a futura reposição do rebanho e aumento do potencial produtivo da propriedade.
Guilherme e a mãe Luciana (47) fazem a ordenha dos animais; o pai, Jayme (55), cuida do trato dos animais em lactação. O trio também se divide no manejo do galpão das bezerras e demais tarefas da propriedade.
Atento à sucessão e sustentabilidade das atividades na propriedade familiar, o jovem vislumbrou na Educação Profissional a possibilidade de implementar novas tecnologias, contribuindo para a qualidade de vida e índices de produtividade. Guilherme conclui o curso Técnico em Agropecuária do Colégio Teutônia em agosto, depois de dois anos e meio de estudos. Ele também foi aluno-funcionário na Granja do CT, acompanhando de perto a criação de terneiras e observando, na prática, algumas diferenças dos processos. “A realização do curso Técnico em Agropecuária me trouxe, além de muitos amigos, a oportunidade de adquirir mais conhecimento, teórico e prático. Pude ver a realidade de diversos produtores e pecuaristas da Região do Vale do Taquari e, a partir disso, aplicar novas técnicas na propriedade da minha família”, destaca Guilherme
O estágio, que integra a formação, foi realizado na propriedade em Vale Verde. Nessa etapa o jovem desenvolveu todo o planejamento e a construção de um galpão para as terneiras, com baixo custo e alta efetividade.
Pesquisa e prática
O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi apresentado em julho. Com o tema “Boas práticas na criação de bezerras: avaliação de sistemas de criação e manejo na região do Vale do Rio Pardo”, Guilherme demonstrou que as boas práticas têm influência positiva em vários setores dentro da propriedade, incluindo os processos da criação de bezerras leiteiras. “É um processo desafiador, que necessita dedicação e profissionalismo dos criadores. O manejo adequado das bezerras auxilia o produtor a explorar o máximo do potencial genético do seu rebanho futuro, desde aspectos relacionados às instalações, manejo, nutrição e bem-estar”, explica.
O estudo iniciou com formulário virtual de avaliação da realidade dos processos de criação de bezerras em diversas propriedades da região, analisando a variação de manejos. Os resultados da pesquisa comprovaram que não há uma padronização do processo, considerando diferentes objetivos e, consequentemente, diferentes resultados.
A partir disso, Guilherme implantou experimento que avaliou o uso de dois métodos diferentes de criação de bezerras: sistema semi-intensivo ao ar livre e sistema intensivo confinado. “O processo de boas práticas esteve presente nos dois sistemas e, com isso, passamos a avaliar condições essenciais como disponibilização correta de alimento, conforto nas instalações, sanidade, altura e ganho de peso até o desmame. A implementação de galpão para criação dos animais agregou no desenvolvimento em ganho de peso, revelando que o sistema intensivo apresenta melhores resultados”, comenta o estudante.
Paralelamente a isso, o uso da estrutura de confinamento também melhorou as condições de trabalho para o criador, com ambiente coberto e de fácil acesso para oferta de alimentos aos animais, com mais conforto, higiene e saúde. “A trabalho demonstra que boas práticas de criação não são realidade apenas para grandes propriedades, pois podem estar associadas tanto em sistemas de criação comuns quanto nos sistemas mais aprimorados”, revela.
A professora orientadora, Cristiana Terra, médica veterinária e coordenadora do curso Técnico em Agropecuária do CT, ressalta a importância da temática abordada pelo estudante. “A criação das terneiras é a base para um futuro de sucesso na propriedade, pois elas serão as futuras vacas. Uma terneira bem criada tem maior potencial produtivo quando se torna uma vaca. É como se fosse a ‘poupança’ do produtor. Esse estudo pode auxiliar para que outros produtores e estudantes melhorem a criação das terneiras, com mais saúde, higiene e bem-estar. A prática pode ser aplicada em pequenas e grandes propriedades.”
Futuro
A partir da conclusão do curso Técnico em Agropecuária, cuja formatura está marcada para o mês de agosto, Guilherme pretende seguir na propriedade da família. “Fico muito feliz com a realização do curso e muito satisfeito com a implementação dos conhecimentos na nossa propriedade rural. Meu principal objetivo é permanecer aqui e auxiliar meus pais com a criação dos animais”, adianta o jovem, agradecendo pelas oportunidades oferecidas pelo CT. “São conhecimentos que vão além da vida acadêmica, que também contribuíram para meu desenvolvimento pessoal.”
Educação Profissional
Atualmente o Colégio Teutônia oferece quatro cursos na Educação Profissional: Técnico em Agropecuária, Técnico em Administração, Técnico em Eletrotécnica e Técnico em Eletromecânica. Em 2023 são 280 estudantes, dos quais 65 realizando estágio profissional e TCC.
“O Técnico em Agropecuária é um curso de amplas práticas na área de pecuária e agricultura, dando ao estudante a base para ingressar nesse mercado de trabalho com alta demanda por profissionais. O técnico pode atuar na área da extensão rural e comercial, muitos produtores também procuram a formação em busca de aperfeiçoamento do seu saber-fazer pela melhora dos manejos nas propriedades”, conclui Cristiana.
TEXTO – Leandro Augusto Hamester