Palestra “O cérebro dos nossos filhos: funcionamentos neurocientíficos” reúne pais do Berçário ao Ensino Médio
Famílias do Berçário ao Ensino Médio do Colégio Teutônia participaram de aula inaugural com palestra “O cérebro dos nossos filhos: funcionamentos neurocientíficos”, ministrada pelo professor PhD, pesquisador e consultor na área de Neurociência do Comportamento e da Aprendizagem, Dr. Guilherme Nogueira.
O evento reuniu grande número de pais no Auditório Central. Na abertura da programação foram apresentadas as atividades extraclasse ofertadas pelo educandário. A coordenadora pedagógica geral do CT, Andrea Wallauer, enalteceu a temática da palestra e agradeceu pela presença. “É importante compreendermos como a neurociência pode nos auxiliar a ampliar a compreensão sobre essa estrutura fascinante que orquestra todo o nosso aprendizado, principalmente quando nossos filhos considerados ‘nativos digitais’ têm acesso a muitas informações e telas”, enumerou.
O diretor do CT, Mauro Alberto Nüske, classificou a relação família e escola como valor imensurável. “Momentos como esse são muito importantes, assim como em reuniões e conversas, temos uma resposta positiva da participação dos pais para esses convites. Caminhamos juntos e procuramos atender aos anseios das famílias, contribuindo para a formação dos estudantes como profissionais e cidadãos que priorizam valores que consideramos essenciais”, acrescentou.
Neurocientista e pai
Nogueira conduziu sua fala de forma técnica e prática, falando como neurocientista, mas, também, como pai de dois filhos. De forma didática, frisou que tudo o que treinamos com nossos filhos, o cérebro se adapta e os circuitos neurais se potencializam para aquilo. “O cérebro está envolto em diversas interações da vida, com o dia a dia. Vem geneticamente montado, mas não está pronto, e é por meio da interação com o meio que ele organiza o seu funcionamento.”
Nesse contexto, alertou, por exemplo, que antecipar o tempo padrão de alfabetização dos filhos não amplia suas capacidades. “Eles podem até saber ler e escrever antes do coleguinha, mas isso não os torna ‘Einsteins’. O coeficiente emocional prediz condições muito mais saudáveis na vida que o coeficiente intelectual. No Japão, por exemplo, antes de aprenderem a ler e escrever, aprendem a conviver.”
O palestrante defendeu o tempo de brincar como essencial para o bom desenvolvimento do cérebro. “A criança sabe o que é mais significativo e prazeroso, com mais atenção naquele momento. Além disso, nossos filhos, assim como nós, são indivíduos, e a individualidade deve ser levada em consideração.”
Nogueira também trouxe algumas dicas:
– cuidado com a sugestividade, as vezes falamos algo e a criança começa a sofrer pelo processo associativo, o cérebro sempre tenta antecipar algo para consumir menos energia;
– empatia é muito importante, “freia” o impulso comportamental;
– a relação pais e filhos deve ser de “olho no olho”, o direcionamento ocular está ligado ao principal centro de atenção, e atenção é filtro;
– cérebros nascem com a capacidade de se desenvolver, mas genes e ambiente os tornam diferentes;
– podemos desenvolver no cérebro dos nossos filhos padrões de pensamento, de funcionamento social e de comportamento, mas não conseguiremos controlar absolutamente tudo que passa em termos de imaginação, representação mental, processamento, panejamento e estruturação de resposta;
– bom humor torna o cérebro menos crítico;
– luminosidade faz diferença na atenção;
– o toque é extremamente importante para o desenvolvimento;
– o estresse precisa ser controlado, inclusive na gestação;
– rotinas de sono são essenciais;
– o desenvolvimento depende da dotação genética, é influenciado pelo ambiente e se ancora na experiencia social;
– uma boa conduta social depende, fundamentalmente, de dois aspectos: autocontrole e senso moral, a capacidade de discernir o que é certo ou errado;
– valorizem o erro para que possa ser reformulado e superado;
– elogiem os filhos quando for realmente importante;
– pais muito rigorosos e sem amabilidade criam adolescentes revoltados;
– filhos não podem ter tudo na mão na hora que quiserem, isso tira deles a capacidade de busca e de projeção por uma recompensa;
– trabalhar o autocontrole é o maior presente que podemos deixar para nosso filhos;
– a ciência orienta, o afeto transforma.
CRÉDITO DAS FOTOS – Leandro Augusto Hamester
TEXTO – Leandro Augusto Hamester