III Congresso Internacional de Educação
O último dia do III Congresso Internacional de Educação, realizado pelo Colégio Teutônia nesta quinta e sexta-feira, dias 08 e 09 de fevereiro, iniciou com a palestra “Que escola somos capazes de construir frente aos desafios da contemporaneidade”, com a Dra. Lourdes Atié, pós-graduada em Educação pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, da Argentina, palestrante e autora de materiais formativos e de projetos pedagógicos.
Ela começou afirmando que “estar na educação não é para qualquer um, é uma opção profissional para os fortes. Quem está na educação não pode estar superficialmente, deve estar com profundidade”. De forma direta, Lourdes valorizou o papel dos docentes e lhes atribuiu grandes responsabilidades. “Está nas nossas mãos fazer diferente, e isso não quer dizer que tenhamos que fazer o que dizem que precisa ser feito, mas que nos coloquemos num lugar em que nunca colocam os professores: a maior autoridade do conhecimento”, defendeu.
Por outro lado, alertou para a atualização constante. “Professor gosta de dizer que sabe tudo, gosta de competir com o Google, e não se permite dizer ‘eu não sei’. O desafio é abrir mão das certezas e estar aberto ao aprendizado contínuo. Todos os professores são intelectuais do conhecimento, sabem muito, mas não podem parar de estudar, de construir um percurso verdadeiro de aprendizagem para eles mesmos”, enumerou a Dra.
Ela ainda teceu algumas críticas à educação no Brasil. “A educação brasileira é um mundo acelerado, é feita para que não consigamos dar conta. Esse mundo acelerado vai trazer ausência de vínculos, adoecimento, bournout, tanto para os professores quanto para as crianças, e isso já começa na Educação Infantil pelo excesso de atividades. Nós precisamos acalmar. Mesmo com auxílio da tecnologia, estamos cansados. Além disso, vivemos num país de absurda desigualdade”, alertou. Por fim, sugeriu que uma importante mudança está em “parar de fazer escola para os alunos, mas fazer escola com os alunos, com olho no olho e acolhimento”.
O Futuro das Gerações
A programação do Congresso foi encerrada na manhã desta sexta-feira da mesma forma que iniciou: com todos de pé e aplaudindo. Dado Schneider, Mestre e Doutor em Comunicação, com vasta experiência em grandes agências de publicidade, consultor de grandes empresas, palestrante e escritor, trouxe todo seu conhecimento e trabalho de pesquisa com a palestra “O Futuro das Gerações”.
Logo na sua primeira fala fez questão de enfatizar: “sou professor com muito orgulho”. Por cerca de 1h30min ele trouxe dados de pesquisas comportamentais de diferentes gerações e, intercalando momentos de descontração e reflexão, falou da relação entre esses diferentes públicos. “O problema não é ser velho, mas ser ultrapassado, pois hoje já temos jovens velhos. Para a educação, a internet chacoalhou a sociedade, trouxe infinitas novas fontes de informação, em geral mais interessantes e divertidas do que prestar atenção nos mais velhos. Mudou a relação de poder dentro de casa, no ambiente educacional e no trabalho”, apresentou.
Segundo Schneider, hoje a diferenciação ocorre por mentalidade, e não por idade. “O futuro é de quem entendeu o Século XXI. Precisamos cuidar de nós mesmos, cuidar da cabeça e nos mantermos atualizados, pois estamos e vamos viver mais. E é melhor saber disso hoje do que daqui 25 anos. O mundo e o futuro mudaram bem na minha vez.”
O pesquisador elencou as características das diferentes gerações e o contexto histórico de cada período, chamando atenção para a velocidade das mudanças. “Não vamos dar aula para a nova geração como damos hoje, as formas de trabalho estão mudando, e não só dos professores. A Inteligência Artificial, em três anos, irá transformar tudo completamente e, então, vamos olhar para trás e pensar: como trabalhávamos antes disso tudo. O futuro é de quem tem mentalidade para lidar com as mudanças”, concluiu.
TEXTO – Leandro Augusto Hamester