Debater a relação entre o manejo do solo e o aumento da produtividade de silagem de milho. Esse foi o objetivo central do 17º Fórum Tecnológico do Leite de Teutônia – evento realizado na noite de quinta-feira (21), com transmissão pelo canal do Colégio Teutônia no Youtube. Até o momento, cerca de 900 pessoas já visualizaram o conteúdo, que contou com duas palestras, ministradas pelo engenheiro agrônomo e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Michael Mazurana, e pela engenheira agrônoma e produtora de leite de Roca Sales, Letícia Conzatti Piccinini.
Com mediação do extensionista da Emater/RS-Ascar, Michael Serpa, os painelistas promoveram discussão com vistas à promoção de manejos mais conservacionistas – o que envolve desde a importância de uma boa análise de solo, passando pela interação sinérgica entre os maquinários agrícolas e os cultivos, até chegar a importância da rotação de culturas e de manutenção da palhada, como alguns dos pilares para que haja uma boa resposta no cultivo de grãos e de silagem. “O que, ao cabo, reduziria os problemas de ordem física do solo, evitando a compactação e a consequente queda de produtividade”, avalia Mazurana.
Em sua manifestação, o docente explicou que a adoção do maquinário em si – seja ele o escarificador, u a grade niveladora – não seria o ponto fundamental para a resolução de problemas do solo. “Não são esses equipamentos que, sozinhos, vão descompactar, já que eles, em muitos casos, não conseguem criar poros no solo, só fissuras”, observa o professor, salientando a importância do uso do maquinário aliado à utilização de plantas de cobertura. “Importante destacar também que um uso inadequado dessas ferramentas pode, inclusive, acelerar o processo de degradação ou de erosão do solo.”
Mazurana também lembrou a importância da regulagem dos equipamentos em cada processo, até mesmo para a construção de um ambiente positivo para que as plantas entreguem o máximo do seu potencial produtivo, com redução de uso de insumos e, consequentemente, economia. De forma complementar, a apresentação de Letícia funcionou como um case que foi ao encontro das explicações do agrônomo. Com 37 hectares de área plantada, destinada basicamente à alimentação das 70 vacas em lactação, mais 80 em fase de recria, a agricultora relatou a sua experiência com o manejo adequado do solo e a rotação de culturas.
“A análise feita ainda em 2018, permitiu perceber que possuíamos um solo rico em potássio, fósforo e magnésio, o que permitiu perceber que poderia haver uma boa resposta para a adubação nitrogenada”, explica a bovinocultora de leite. “Assim, conseguimos fornecer ao solo o que ele realmente precisava, com bons retornos financeiro e de produtividade”, completa. Além desta medida, a rotação de culturas, algo que não ocorria há 20 anos na propriedade, foi o caminho encontrado para uma melhor ciclagem dos nutrientes, com alternância entre aveia com ervilhaca e nabo para consolidação da palhada.
“Já que temos a obrigação de produzir milho para silagem o ano todo para a alimentação do rebanho, o uso das plantas de cobertura permitiu manter o solo produtivo, com o milho, no verão, produzindo 89 toneladas por hectare”, frisou. Como a família também é produtora de suínos, conseguem utilizar os próprios dejetos para encontrar o equilíbrio. “É um conjunto de ações que permitem boa resposta, diferentemente da escarificação pela escarificação que, em si, não representou ganhos em produtividade”, explicou, avalizando o que foi dito anteriormente por Mazurana.
Durante a atividade, o público também pode esclarecer suas dúvidas sobre os assuntos discutidos, bem como ouvir as palavras dos representantes das entidades promotoras, caso da presidente da Emater/RS, Mara Saalfeld, do diretor do Colégio Teutônia, Mauro Nüske, e do prefeito de Teutônia, Celso Forneck. A apresentação geral foi feita pela coordenadora do curso Técnico em Agropecuária do Colégio Teutônia, Cristiana Terra, com o apoio do coordenador do Centro de Treinamento de Agricultores de Teutônia (Certa), Maicon Berwanger.
O 17º Fórum Tecnológico do Leite foi uma realização do Colégio Teutônia, Emater/RS-Ascar em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) do Governo do Estado, com o apoio da Prefeitura de Teutônia e da UFRGS. O patrocínio ouro foi de Nutron, Milkparts, Clube do Produtor Lactalis, Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS), Launer Química, Maná, Sicredi, Santa Clara e Top Leite. O patrocínio prata foi de Gestor RP, Ordemax, Machado Agropecuária, Cooperagri, Nutrepampa e Tangará.
A programação presencial, que estava marcada inicialmente para o dia 28 de setembro, foi cancelada em decorrência das enchentes que assolaram o Vale do Taquari nas últimas semanas.
TEXTO – Tiago Bald e Leandro Augusto Hamester
CRÉDITO DAS FOTOS – Reprodução Youtube / Colégio Teutônia