III Congresso Internacional de Educação
A programação do III Congresso Internacional de Educação, realizado pelo Colégio Teutônia com o tema “Do coração à razão: por uma Educação Inovadora”, teve continuidade na tarde e noite desta quinta-feira (08). Com a participação de mais de 400 pessoas, o evento ocorre no Auditório Central do educandário e segue na sexta-feira (09).
Mediação de Conflitos no Ambiente Escolar
No retorno após o intervalo de almoço, a palestra “Mediação de Conflitos no Ambiente Escolar – o que a Neurociência tem a ver com isso?” foi conduzida pelo Dr. Guilherme Nogueira, Doutor em Neurociência do Envelhecimento, professor de Neurociência do Comportamento e da Aprendizagem; e pela Dra. Valéria Figueiró Santoro, Mediadora Judicial e Extrajudicial do TJRS, Mestre em Direito Internacional pela USP, membro da Comissão Especial de Mediação e Práticas Restaurativas da OAB/RS.
Valéria citou situações de bullying que enfrentou no período de Ensino Médio para contextualizar a pauta. “Gostaria que nenhuma outra pessoa passasse por este tipo de situação. Mecanismos de gestão de conflito e mediação dentro das escolas podem auxiliar para que outros estudantes não precisem enfrentar isso. Essas ferramentas de ter a quem recorrer são muito importantes dentro do ambiente escolar”, defendeu, estimulando um ambiente e uma cultura preventivas, “onde as pessoas possam conviver melhor com a diversidade e as divergências, com uma comunicação cuidadosa e clara construindo pontes e contribuindo significativamente para as relações”.
Nogueira, por sua vez, afirmou que a ciência orienta e o afeto transforma. “Toda vez que nos preocupamos em formar bons vínculos afetivos, abrimos janelas para o mundo.” Ele também falou de empatia como importante na resolução de conflitos e “freio” ao impulso comportamental. “Somos muito influenciados pelo cunho emocional e o ambiente na tomada de decisões. Se não conseguimos gerir nossas frustrações e a capacidade de percebermos os próprios sentimentos, temos dificuldades em organizar a tomada de decisões. Mediar conflitos envolve auxílio na tomada de decisões”, disse, abrindo espaço para perguntas dos participantes.
Uso das telas
Fechando a tarde, a Mesa Redonda sobre o livro “Fábrica de cretinos digitais”, do neurocientista francês Michel Desmurget, possibilitou o debate sobre o acesso e o uso das telas. O tema foi conduzido pela professora Daniela Ritter e pela fonoaudióloga Vanessa Spolavori, com mediação da coordenadora geral do Colégio Teutônia, Andrea Wallauer.
Na obra, o autor aponta que, pela primeira vez, filhos têm QI inferior ao dos pais, mencionando declínio acentuado nas habilidades cognitivas. Nessa linha, as painelistas expuseram malefícios à saúde do corpo, ao estado emocional e ao desenvolvimento intelectual pelo excesso de telas. “Esses dados de pesquisas quanto ao QI das novas gerações traz uma inquietude, independente da nossa interpretação. Não sou contra a tecnologia, mas sim do uso abusivo de telas. Entre outros dados, o autor expõe que apenas 3% das horas de uso de telas é para o conhecimento, os 97% são para situações recreativas. Isso é extremamente preocupante, pois o uso excessivo traz impactos que podem ser irreversíveis”, frisou Daniela.
A fonoaudióloga acrescentou que também credita ao uso abusivo das telas algumas dificuldades para o desenvolvimento da linguagem das crianças. “Há dados impactantes quanto ao desenvolvimento cognitivo e social pela baixa interação das crianças já em casa, com a família. A interação humana é imprescindível para o desenvolvimento da linguagem. Olhar para o outro ajuda os bebês a desenvolverem e perceberem que há uma abertura de boca para a fala, está tudo muito interligado”, explicou.
Andrea falou dos nativos digitais e acrescentou que as influências do meio fazem diferença no cérebro das crianças. “Alguns diagnósticos de autismo e de déficit de atenção podem, por vezes, ser de crianças que não tiveram o tempo suficiente para desenvolver os pilares necessários do desenvolvimento infantil. As pessoas estão vendendo a sua atenção.”
Ouvir faz bem
“Eu descobri em tempo que o sentido da minha profissão e da minha vida é ouvir. Ouvir histórias salvou a minha vida, ouvir faz bem.” Com essa frase o jornalista Luciano Potter encerrou sua palestra “Porque ouvir histórias vai salvar sua vida”, sendo aplaudido de pé pelo público que lotou o Auditório Central do Colégio Teutônia.
A conversa esteve centrada no ambiente familiar, nas vivências com os filhos Federico e Santiago e na evolução da indústria do entretenimento. “Ouvir é um problema da humanidade, e ouvimos desde a barriga da mamãe. Ouvir faz parte da vida, e nesse contexto podemos mencionar a música, o cinema e os games, o quanto evoluíram ao longo das décadas. Antes lidávamos com a escassez, como as locadoras de fitas VHS; hoje estamos em tempos de abundância, como as assinaturas de plataformas de streamings, e não sabemos o que assistir. A tecnologia tem limites, ninguém vive sem conexões humanas, as amizades combatem a depressão, ajudam na saúde em geral. Para sermos amigos, precisamos ouvir, e os melhores amigos são os que nos ouvem”, ponderou.
Potter também chamou atenção para as características das novas gerações. “Nossos alunos, filhos, clientes e colegas são de outra geração, pensam de forma diferente. Uma pesquisa americana revelou que 43% da geração Z nos Estados Unidos prefere assistir aos melhores momentos no outro dia de um evento esportivo ao invés de acompanhar ao vivo no estádio, no ginásio ou na TV”, concluiu.
Programação de sexta-feira (09/02/24)
8h às 8h30min – Apresentação Cultural
8h30min às 10h – Palestra “Que escola somos capazes de construir frente aos desafios da contemporaneidade”, com a Dra. Lourdes Atié, pós-graduada em Educação pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, da Argentina; autora de materiais formativos, de materiais voltados para pais dos alunos e de materiais voltados para habilidades socioemocionais dos professores; palestrante nas áreas de atualização curricular, formação de professores e gestores, construção e revisão de projetos pedagógicos
10h às 10h30min – Intervalo
10h30min às 12h15min – Palestra “O Futuro das Gerações”, que possui quatro finais e o público vota para escolher o seu, com Dado Schneider, Mestre e Doutor em Comunicação pela PUC/RS; vasta experiência em grandes agências de publicidade nacionais; consultor de grandes empresas; palestrante e escritor
12h15min às 12h30min – Cerimônia de encerramento
TEXTO – Leandro Augusto Hamester